(Do blog com equipe) - A imprensa informa que o Tribunal de Contas da União estaria “investigando” as administrações petistas por supostos prejuízos dados ao BNDES, com o financiamento, em condições subsidiadas, de governos “vermelhos”, como os de Cuba e Venezuela, na construção de obras como o Porto de Mariel e o metrô de Caracas.
O financiamento da exportação de serviços e obras para o exterior vem do tempo dos governos militares, vide as obras da Mendes Jr. no Iraque, por exemplo.
Segundo publicado, os "subsídios" a Cuba teriam ocorrido no prazo concedido para pagamento, com 300 meses para pagar no lugar dos 120 usuais.
Tudo isso, na extraordinária quantia de 68 milhões de dólares, oito vezes menos do que o Brasil exporta por dia; 0,03% do 1 trilhão de reais que, segundo o impostômetro, foi arrecadado pelo governo neste ano, até ontem, 4 de junho ; ou mais ou menos o que o governo federal transferiu do orçamento público para os bancos, em juros, a cada 5 horas, no ano passado, sem gerar um miserável emprego, com relação aos que foram criados para brasileiros, dentro e fora do país, pelo projeto do Porto de Mariel, na engenharia, na fabricação e transporte de veículos e equipamentos, etc, etc, etc.
A imprensa brasileira também "informa" que o porto cubano seria um fracasso devido ao esfriamento da aproximação dos EUA com Cuba com a vitória de Trump e o pequeno número de empresas instaladas na sua zona de desenvolvimento até agora.
Até fevereiro deste ano, já estavam funcionando na zona industrial do porto a sul-coreana Arco33, a Womy Equipment holandesa, a francesa Bouygues, a portuguesa Engimov Caribe, a espanhola Tecnologias Constructivas, a Bihn Global do Vietnã, e até mesmo grandes multinacionais ocidentais como a UNILEVER e a Caterpillar..
Por outro lado, pode ser um equívoco achar que o projeto do Porto de Mariel foi feito pensando apenas na proximidade com os EUA, embora esta possa ser importante para ele no futuro.
O que está por trás do seu projeto é, principalmente, a construção pela China do canal inter-oceânico da Nicarágua, que concorrerá com o canal do Panamá, e que está programado para receber mais de 5000 navios por ano.
É para esse canal que o porto cubano operará como entreposto de containers, com o transbordo de mercadorias fabricadas na China para navios menores, para distribuição dirigida para seus clientes finais nos quatro quadrantes do Atlântico.
Já no caso venezuelano, Caracas teria dado um “calote” de pouco mais de 300 milhões de dólares ao Fundo de Garantia à Exportação e ao Banco Credit Suisse.
Vinte vezes menos, portanto, que o lucro que o Brasil teve no comércio com a Venezuela, apenas em 2012, quando o superávit com aquele país foi de 6 bilhões de dólares - ou quase 20 bilhões de reais, com tudo o que isso representa em termos de empregos - líquidos - em nosso país para possibilitar a exportação de bens nesse valor.
Tudo isso alcançado graças, justamente, à política de aproximação com a Venezuela, obtida também, naturalmente, com o financiamento de projetos de engenharia naquele país pelo BNDES.
Como fazem, com seus bancos de fomento, em todo o planeta, as nações mais poderosas do mundo.
O EXIM, Export-Import Bank of the United States, o BNDES dos EUA - para quem defende que só se invista aqui dentro, um país com mais de 40 milhões de miseráveis segundo o USA Census Bureau e sequer um sistema de saúde pública que possa atender mal e porcamente, como muitos afirmam que acontece aqui, o cidadão comum norte-americano - investiu, apenas nos últimos 5 anos, 140 bilhões de dólares no financiamento em exportações e obras no exterior, gerando, aproximadamente. 785.000 empregos.
O mesmo fazem outros bancos públicos semelhantes, do Japão, Coréia do Sul, China - o maior do mundo - e Alemanha.
Que, naturalmente, como qualquer quaisquer outras instituições financeiras, têm prejuízos em algumas operações e ganhos em outras.
Cumprindo todos eles, no entanto, um papel fundamental na projeção geopolítica de seus respectivos países no exterior, como tem que fazer, bem ou mal, o Brasil, que não pode ficar fazendo conta de padaria, tratando-se, como se trata, da nona maior economia e do quinto maior território e população da planeta.
Desta nobre esfera azul, na qual, ao contrário do que insiste em dizer o discurso neoliberal hipócrita e mendaz vigente, o Estado está cada vez mais forte e presente, como mostram exemplos como a própria China e o "pacote" de investimentos de um trilhão de dólares em infraestrutura, projetado pelo governo Donald Trump para reaquecer a economia dos EUA.
Uma realidade que se faz questão de manter ignorada, quando não é ridicularizada e desprezada pela raça de vira-latas entreguistas e americanófilos apátridas em que estamos nos transformando.
Mesmo assim, se o negócio dos Ministros do TCU é medir um país como uma quitanda de esquina, pelas meras colunas de perdas e ganhos - como uma nação que não merece ter maiores preocupações estratégicas ou legítimos anseios geopolíticos - vamos aos números, da Brasil Ltda (ou S.A, como queiram) no tempo em que esteve sob a “antiga” direção, indicada pelo voto direto, entre os anos de 2003 e 2015, período no qual o PIB brasileiro em dólares chegou a se multiplicar por cinco, depois de recuar - segundo estatísticas do próprio Banco Mundial, junto com a renda per capita - nos malfadados oito anos do governo neoliberal de Fernando Henrique:
Lula e Dilma deram um prejuízo de menos de 400 milhões de dólares ao Brasil em empréstimos do BNDES a empresas brasileiras - para a criação de empregos com essas operações, para brasileiros, dentro e fora do Brasil, por meio da exportação desses serviços para Cuba e Venezuela?
Não, senhores conselheiros do Tribunal de Contas da União.
Na ponta do lápis, eles deram mais de 800 vezes esse valor, em dólares, de lucro ao país, com o pagamento da dívida com o FMI, de 40 bilhões de dólares em 2005, e o acúmulo de mais 380 bilhões de dólares em reservas internacionais - boa parte delas em comunistíssimas aplicações em títulos do governo norte-americano - que nos levaram à condição que ainda conservamos, a duras penas - de quarto maior credor individual externo dos Estados Unidos, como os senhores podem conferir no site oficial do tesouro dos EUA, procurando por mayor treasuries holders no Google.
Sem aumentar - como se mente descaradamente por aí - a dívida pública, já que tanto a Bruta como a Líquida foram entregues por Dilma Roussef a Michel Temer em patamares inferiores aos que estavam, com relação ao PIB, às vésperas de Lula assumir o poder, em dezembro de 2002.
Os governos Lula e Dilma deram prejuízo ao BNDES?
Não que se saiba, por mais que se tente enganar e manipular a população brasileira.
Fora os mais de 1.2 trilhões de reais deixados em reservas internacionais, eles ainda legaram ao país, no caixa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, mais 260 bilhões de reais em dinheiro, que foram usados criminosamente pelo governo Temer para pagar “adiantadamente” ao Tesouro uma dívida que poderia ser liquidada, como estava programado, em 30 anos.
Uma verdadeira montanha de recursos que poderia ter sido utilizada na retomada de obras interrompidas de forma suicida pela justiça nos últimos quatro anos.
Para tentar substituir ao menos alguns das centenas de milhares de empregos eliminados sem nenhuma necessidade - para investigar corruptos não é preciso nem se deve massacrar empresas e riqueza, trabalhadores, investidores, acionistas, fornecedores - pela autêntica bomba de nêutrons da Operação Lavajato.
Seria bom que certos órgãos - cuja assessoria tem plena ciência desses dados - e certa mídia deste país, parassem agir como se estivessem se esforçando para ludibriar o Brasil permanentemente, mostrando apenas um dos lados da moeda.
Por mais que se tente, com isso, imbecilizar a nação, a verdade é que nem todos, neste país, pertencem à espécie - que vem se multiplicando, nos últimos tempos, principalmente na internet, como vermes imersos em chorume - dos idiotas e energúmenos.
http://www.maurosantayana.com/2018/06/o-tcu-e-os-prejuizos-do-brasil-na.html