O artigo avalia que Fernando Henrique conduziu as relações com os EUA “na base da reciprocidade moderada” e se limitou a discordar dos norte-americanos em “alguns aspectos econômicos setoriais”. A maior tensão da gestão FHC com os EUA teria ocorrido já no fim do mandato, quando o Brasil discordou da política antiterrorismo do governo Bush, adotada após os atentados de 11 de setembro de 2001. Foi justamente nessa época que ocorreu o episódio no aeroporto de Miami.
Presidente Lula
O governo Lula (PT), segundo o texto do Ipea, rompeu com a submissão aos EUA que esteve presente na política externa de seu antecessor. De acordo com o artigo, o governo petista adotou desde seu início, em 2003, a “reciprocidade” no lugar da “reciprocidade moderada” de FHC.
Essa política fez com que o Brasil entrasse em atrito com os EUA em assuntos como a integração dos países das Américas e a participação dos emergentes em instâncias internacionais. Além disso, o texto cita o “artigo difamatório [contra Lula] publicado pelo repórter Larry Rohter no “The New York Times”, como sintomático do desgaste da relações entre os países.
Após a mudança promovida por Lula, afirma o artigo, a relação Brasil-EUA deixou de ser prioritária e norteadora da política externa nacional, apesar de continuar sendo relevante. A avaliação do estudo é que esse cenário se mantém mesmo com a melhoria das relações bilaterais após a eleição de Barack Obama.
“Apesar da admiração mútua entre Obama e Lula relatada na mídia internacional, a agenda inicial que anunciara potencial cooperação perdeu paulatinamente a relevância até atingir o estágio de respeito mútuo e normalização institucional”, afirma o texto.