quinta-feira, 28 de junho de 2018

BNDES: a liquidação 'champagne', por André Araújo

BNDES: a liquidação 'champagne', por André Araújo

=Ao assumir o governo em maio de 2016, o Presidente Temer entregou o comando total da economia aos neoliberais cariocas, a turma da Casa das Garças ou da “Escola do Rio” titulo de meu livro sobre a faculdade de economia da PUC Rio, neoliberais também conhecidos como “turma da Gávea”, um pessoal que é o “creme de la creme” do rentismo  que acha que o Brasil começa na Gávea e termina em New York com escala no Galeão. A passarela deles é a Rua Dias Ferreira, no Leblon, onde se empoleiram 56 firmas de administração de fortunas, lideradas pela Gávea Investimentos, de Arminio Fraga. Eles são o coração do rentismo que simboliza o Brasil abandonado de hoje. A turma do rentismo não está nem ai para os 14 milhões de desempregos e outro tanto de subempregados, o que lhes interessa é apenas juros e câmbio, o resto da economia é irrelevante, indústria nem precisa existir, eles só consomem importados, saúde eles usam a Rede DÓr, educação é em Boston, aqui é só a renda.

O Governo Temer, inconsequente até para seus próprios objetivos políticos, perdeu em popularidade porque entregou a economia a esse tipo de gente que afunda qualquer governo, eles não tem nenhum projeto para o Pais, seu único interesse é a renda depositada no Itau Personalité para os gastos no País, e no UBS suíço para seus gastos no exterior.
Os resultados estão numa PETROBRAS retalhada e vendida a pedaços por um “nerd” do mal, esse inacreditável Pedro “Crachá” que provocou um cataclisma de caminhoneiros, que não são gente de esquerda, apenas pessoas que precisam pagar as contas no fim do mês.
Foram entregues partes fundamentais do governo ao mesmo perfil de alienados, tipos que no passado se catalogavam como “entreguistas”, não estão nem ai para o País, aqui é apenas um lugar para tirar a renda e gastar em Miami ou Paris.
A “turma da Gávea” sempre sonhou em vender a Eletrobrás, Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica, rodovias, ferrovias, aeroportos, portos, por ideologia privatista e também porque no processo sempre se pode ganhar honorários de advisor, avaliação, modelagem, consultoria para formação de consórcios, afinal são todos ligados a bancos de investimento.
Tudo pode ser vendido, até a Amazônia, mas ninguém vai comprar um banco de fomento, o BNDES. Fazer o que então, já que os “neolibs” cariocas têm horror a bancos públicos, que segundo eles declaram em alto e bom som, “ nem deveriam existir”, para eles a única fonte de financiamento da economia DEVE SER O MERCADO, sendo assim para que o BNDES ?
Como não pode ser vendido, o melhor é liquidá-lo silenciosamente, drenando seus recursos, descapitalizando, pegando todo o caixa e entregando ao Tesouro. Em pouco tempo, o Banco morre por falta de recursos. PRONTO, chegou-se ao objetivo sem chamar muito a atenção.
Mas que executivos fariam isso? Não falta no RIO, em São Paulo seria mais difícil encontrar.
Um gênio no governo Temer, nem é preciso ir muito longe para descobrir, colocou a economista Maria Silvia Bastos Marques, uma das “musas” das privatizações para essa missão no BNDES, a ser apoiada pela Policia Federal com investigações para desmoralizar o banco, mesmo sem haver elementos para uma campanha anticorrupção, os quadros do banco tem ótima reputação nessa área. Não importa, 36 conduções coercitivas de funcionários já são boa escandalização na mídia, depois nada se achou, mas a manchete estava garantida.
Maria Silvia tem DNA ultra privatista, participou das privatizações da Era FHC com gosto e Vontade, ganhou a presidência da CSN, ligou-se ao Banco Icatu, levá-la à presidência do BNDES só poderia ter um sentido, iniciar o processo de esvaziamento do banco, cuja base era a entrega ao Tesouro de R$180 bilhões a serem retirados do capital do banco, quer dizer, invés desses recursos serem aplicados no financiamento à infra estrutura e novas fabricas, seria desviado para o Tesouro pagar juros e folha de salários, dinheiro a ser queimado na fogueira.
Maria Silvia se preparava para essa tarefa de necrotério, mas no caminho o pessoal técnico do banco percebeu seu papel de coveira e com a falta de atitude da presidente na defesa do pessoal do banco levado pela PF, foi criado um clima irrespirável, Maria Silvia não teve condições de continuar e pediu demissão, a tarefa era pesada demais.
De forma surpreendente foi substituída por Paulo Rabelo de Castro, economista de outro perfil, não era um liquidante e nem iria deixar o banco se esvair, tentou resistir à transferência de recursos para o Tesouro o quanto pode, infelizmente saiu e agora o novo presidente, burocrata de carreira em ascensão vai obedecer fielmente ao plano de esvaziamento do banco, que já se prepara para transferir mais R$30 bilhões ao Tesouro, a ordem é raspar o caixa, deixando o banco sem recursos para operar, o Tesouro quer “grana”, o banco só existe agora para repassar seus recursos ao Tesouro, é o que o mercado financeiro quer, até quando o banco acabe por insuficiência de recursos, como acabou o BNH.
As criticas que o mercado e seus porta vozes, a GLOBO e os “neoliberais cariocas”, fazem ao BNDES são ideológicas. Criticam as operações ao tempo do PT, que DERAM LUCRO AO BANCO, as ações da JBS que o BNDESpar comprou se valorizaram 65% até o ataque da PGR ao grupo, depois caíram por causa do escândalo da PGR mas não deram prejuízo ao BNDES, já estão em franca recuperação. Os empréstimos ao grupo JBS estão em dia, como sempre estiveram.  Outra grande operação no governo do PT, com o grupo AES ELETROPAULO, deu um LUCRO de R$2 bilhões ao BNDES, lucro após juros e dividendos, lucro liquido da operação, operação realizada em dezembro de 2003 e liquidada com a venda do controle da ELETROPAULO.
Criticam as operações no exterior porque alguns países devedores estão em moratória.
Operações com países em desenvolvimento podem atrasar pagamento, MAS AO FINAL ACABAM PAGAS, porque os países precisam recuperar seu rating de credito. O BRASIL, entre 1950 e 1990, foi CAMPEÃO DE MORATORIAS com bancos de fomento estrangeiros, ficou devendo e atrasou nos bancos de fomento europeus, americanos, multilaterais e asiáticos, o Brasil renegociou incontáveis vezes seus débitos com o grupo desses credores governamentais, o chamado “”CLUBE DE PARIS”  e ao final pagou tudo.
O PAPEL GEOPOLITICO DOS BANCOS DE FOMENTO
Todos os bancos públicos de fomento, os EXIMBANKS dos EUA, Japão e Coreia do Sul, o ECGD do Reino Unido, o EDC do Canada, o COFACE francês, o K f G da Alemanha, os CINCO bancos chineses de fomento, financiam países pobres por INTERESSE GEOPOLITICO, tem problemas com esses créditos, MAS as operações tem um sentido de projeção econômica a longo prazo e por isso são justificáveis, nenhum governo se queixa desses riscos naturais e mantem os atrasos com discrição e confidencialidade, NÃO É UM ESCANDALO, é parte do negocio.
Os cinco bancos chineses de fomento emprestaram US$53 bilhões – CINQUENTA E TREIS BILHÕES DE DOLARES à Venezuela, que desde 2016 não paga nada, nem principal e nem juros.
O interesse da China é ter presença na Venezuela, especialmente no seu petróleo, é uma operação geopolítica, de longo prazo. Não estão recebendo, mas não estão fazendo escândalo, são operações com risco financeiro desde o inicio, mas espera-se retorno politico, além disso os chineses tem certeza que a Venezuela pagará mais a frente.
Os críticos do BNDES, por limitação mental, não conseguem enxergar como operam bancos de fomento pelo mundo, são braços de um projeto nacional, não é um banco comercial operando a curto prazo, os empréstimos tem uma logica distinta de um banco comercial, além do que criam mercado para produtos e serviços de empresas brasileiras.
O mais importante é que dentre as operações com o exterior do BNDES, a inadimplência é pequena, o grosso das operações estão em dia e nunca apresentaram problemas.
UM BANCO HISTORICO
O BNDES desde sua fundação em 1953, sempre foi lucrativo e pagou dividendos ao Tesouro.  A partir do governo Temer tem sido visto como um ente INDESEJAVEL que só não fecha porque não há condições politicas para isso, como não pode ser fechado vem sendo ESVAZIADO para chegar daqui há algum tempo a ser liquidado por falta de recursos.
Maria Silvia foi lá colocada para isso, mas não teve condições de fazer, deixou, no entanto, na diretoria Elaine Lustosa, sua grande amiga, que tem o mesmo perfil neoliberal carioca da amiga. Na diretoria financeira Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central e do mesmo perfil financista, cabe a ele juntar o dinheiro para repassar ao Tesouro e esvaziar o banco. Não há, a menos que seja enrustido, um único diretor defensor do papel histórico e fundamental do BNDES para fazer o Brasil crescer, são todos burocratas sem qualquer presença ideológica na defesa do papel do banco, lembrando que seu primeiro presidente foi Roberto Campos, um privatista, MAS que sempre defendeu o papel  instrumental o BNDES como necessário para fazer o Brasil se desenvolver, aliás foi especialmente dele a ideia de se criar o Banco, Campos era antes de tudo um homem de Estado e não um boboca neoliberal.
A LIQUIDAÇÃO ‘CHAMAPGNE’
Vai depender de um novo governo eleito cumprir esse papel de liquidação do BNDES, os “neolibs cariocas” esperam um eleito da DIREITA que seja por eles guiado para privatizar tudo e liquidar o que não pode ser privatizado, a torcida é grande para o candidato da ultra direita.
Enquanto isso a “turma da Gavea” se diverte com champagne a rodo, não é intriga, são elas mesmas que se exibem na festa que reuniu as musas do BNDES Maria Silvia e Eliane mais a grande amiga Miriam Leitão, champagne com samba no pé, para que perder o sono por causa do BNDES, o Brasil é uma festa, especialmente se for na Gavea, os brasileiros desempregados, subempregados, desalentados que se virem.